Análise ‘Minions 2: A Origem de Gru’: Pequenos capangas em uma sequência deliciosamente boba
O quinto filme da franquia 'Meu Malvado Favorito' conecta genialmente a história de origem dos capangas com o resto da franquia.
Cada nova produção adicionada à franquia “Meu Malvado Favorito” é tecnicamente um filme dos Minions, já que de uma forma ou de outra, os adoráveis bichinhos amarelos conseguem roubar a cena. Mas a parte divertida da prequela independente de 2015 foi apenas isso: permitiu que os Minions ficassem sozinhos, emparelhando-os com alguém que não fosse Gru, para variar. E Gru é ótimo, mas seu jeito de cara mau estava começando a ficar batido. Agora, em “Minions 2: A Origem de Gru” podemos vê-lo jovem: aos 11 anos, ele já está começando a ostentar o nariz corcunda e sonhando com a dominação mundial.
No dia da carreira na escola, o pequeno travesso anuncia: “Eu quero ser um supervilão!”. Mas não qualquer supervilão. Ambicioso, Gru planeja se juntar aos Seis Viciosos, mas não tem certeza se os Minions vão ajudar ou prejudicar suas chances de se juntar a eles.
A cada filme, a técnica da Illumination melhora. A equipe criativa, liderada pelo diretor Kyle Balda, combina rotinas de palhaçadas inspiradas em “Os Três Patetas” com a clássica animação de personagens da era de ouro, enquanto inova na forma de encenar essas piadas no espaço tridimensional.
Até aqui, você provavelmente já descobriu que a sequência de “Minions” é realmente mais uma prequela de “Meu Malvado Favorito”, apresentando alguns dos personagens – como o cientista louco Dr. Nefario, o futuro rival Vector e o Banco do Mal – que alimentam diretamente o filme original. E já vimos essa bastante essa mesma estratégia em outras franquias, de “Star Wars” a “Cruella”, ambas as quais “A Origem de Gru” se assemelha, exceto que aqui, um protagonista outrora mocinho não se volta para o lado negro porque sua carreira preferida não funciona. A vilania era seu plano A o tempo todo.
Todo mundo tem ídolos. Os Minions admiram seu novo “mini chefe”, mesmo que ele não seja mais alto do que eles no momento. Enquanto isso, Gru decora seu quarto de infância ainda na casa da mamãe Marlena (Julie Andrews) com pôsteres e action figures dos melhores vilões do mundo: Belle Bottom (Taraji P. Henson), Stronghold (Danny Trejo), Nunchuck ( Lucy Lawless), Svengeance (Dolph Lundgren), Jean-Clawed (Jean-Claude Van Damme) e o favorito de Gru, o lendário Wild Knuckles (Alan Arkin). Juntos, eles formam os Seis Viciosos. Mas atenção, você nunca pode realmente confiar em um supervilão. No meio de seu último assalto – roubar a Pedra do Zodíaco de seu esconderijo na selva – Belle deixa Knuckles cair, causando sua provável morte.
Daí surge então a vaga que Gru tão desesperadamente cobiça. O garoto aparece para a entrevista para o antigo lugar de Knuckles e é quase ridicularizado na sala. “O mal é para adultos”, diz Belle diz, “não para punks rechonchudos”. Recusando-se a ir para casa de mãos vazias, Gru pega a pedra bem debaixo de seus narizes, provocando um jogo de batata quente de alto risco. O agitado quinteto vem atrás dele, enquanto Knuckles, que é muito mais difícil de matar do que qualquer um poderia imaginar, também procura uma chance de recapturar seu prêmio.
Onde os Minions se encaixam em tudo isso, você pergunta? O filme responde como Gru os adotou. Se “Meu Malvado Favorito” era sobre como três meninas órfãs fazem de Gru uma figura paterna improvável, este sugere que os Minions eram uma boa mão de obra para o trabalho. Mas mesmo que seja bom ter uma equipe dedicada de mãos extras, Gru não está convencido de que esses assistentes bobos, desajeitados e com aparência de tampões de ouvido possam ajudá-lo a ganhar seu sustento. Eles estão sempre bagunçando as coisas. Como o roubo da Pedra do Zodíaco.
Perseguido por cinco dos Seis Viciosos, Gru entrega o prêmio a um novo Minion tagarela chamado Otto (como os outros, dublado por Pierre Coffin), que troca a pedra mágica por uma pedra comum de estimação.
Furioso, Gru demite muitos deles, efetivamente colocando pressão sobre esses puxa-sacos desajeitados para ganhar seus empregos de volta. E assim, os Minions recuperam seu papel de protagonistas do filme. Mas, em vez de lidar com todo o rebanho deles, o diretor Balda se concentra em Otto e no trio favorito de todos: o alto e magro Kevin, o caolho Stuart e o mini-servo com déficit de atenção Bob que juntos, vão para o norte da Califórnia depois que Knuckles sequestra seu mini-mestre (apenas para se tornar seu mentor).
As cenas de São Francisco funcionam muito bem até o impasse climático, quando o poder da Pedra do Zodíaco é liberado e os Seis Viciosos assumem formas de animais temíveis - dragão, macaco, cobra, tigre, etc. - enquanto os Minions se tornam a versão menos intimidadora de um coelho, uma cabra e um galo que você possa imaginar. O longa reúne núcleos demais neste momento, embora os fãs de Michelle Yeoh recebam uma ajuda extra dela aqui. Ela interpreta Master Chow, um artista marcial que virou terapeuta de acupuntura e que ajuda a transformar os caras amarelos em “Bruce Lees”.
Em termos de roteiro, “Minions 2” usa alguns atalhos, como com o personagem de RZA, que sai de bicicleta com a pedra e a entrega assim que lhe é solicitado. A conveniência evidencia a falta de uma cena em que Otto deve convencê-lo a devolver o objeto. Essa franquia bastante familiar poderia usar um capítulo para mostrar que mal orientado Gru realmente consegue ser mau por um tempo. Em vez disso, tudo aqui está a serviço de uma risada ou de uma reação emocional fácil, a exemplo do truque de “Gato de Botas” usado por Balda ao fazer os olhos dos Minions realmente se arregalarem quando eles estão tentando conseguir o que querem. Apesar destas observações “Minions 2” é o filme mais engraçado que Hollywood produziu até agora. O público sabe o que esperar e a Illumination entrega, oferecendo outra dose de mau comportamento.
No Brasil, a produção pode ser conferida nos cinemas no próximo dia 30 de junho. Confira o mais recente trailer abaixo: