Análise | The Boys: 5º episódio da 3ª temporada, ‘The Last Time to Look on This World of Lies’

Um número musical, um super radioativo à solta, uma parceria improvável e um – quase – romance mais improvável ainda. Quais surpresas nos aguardam?

Novo episódio deixa muitas pontas soltas e incertezas sobre uma parceria tanto quanto suspeita. Foto: Reprodução/YouTube
Novo episódio deixa muitas pontas soltas e incertezas sobre uma parceria tanto quanto suspeita. Foto: Reprodução/YouTube
Carol Souza
Por Carol Souza

Atenção: Esta análise contém Spoilers. Finalmente, o Soldier Boy chegou para salvar os The Boys – e na hora exata. De flashbacks do seu tempo liderando os Payback à sua entrada explosiva no laboratório russo – e para não esquecer sua performance de música country na TV – ele esteve sempre em segundo plano em quase todos os episódios desta nova temporada. Bem, “The Last Time to Look on This World of Lies”, quinto episódio da terceira temporada o traz à tona.

Soldier Boy é a versão da Vought do Capitão América, criado na Segunda Guerra Mundial antes de ser congelado criogenicamente em um laboratório russo nos últimos 30 anos. Como Eric Kripke nos disse antes da temporada ir ao ar: "Ele é exatamente tão racista e misógino quanto você esperaria que alguém de meados da década de 1940 fosse". Isso se torna explicitamente real enquanto ele vagueia pelas ruas de Nova York horrorizado com homens de mãos dadas.

Seu passado é ainda mais explorado quando M. M. examina algumas imagens angustiantes das experiências as quais foi submetido nas mãos de cientistas sádicos. Embora tudo isso pareça ter apenas turbinado seus poderes, pois mais tarde ele simplesmente explode um prédio inteiro como se tivesse espirrado sem cobrir a boca.

A introdução definitiva do Soldier Boy a série vem durante seu confronto com a Condessa Escarlate. Sua ex-namorada revela que foi ela quem o vendeu para os russos porque "sempre o odiou" - e isso parte seu coração. É doloroso. Eu esperava vísceras e sangue para acompanhar a entrada do super, e mesmo sendo atendida, Ackles traz uma camada a mais do super mostrando sua vulnerabilidade – algo que pode ser isto também no Capitão Pátria. Você sente pena dele, o que está em completo desacordo com a repulsa sentida por sua flagrante homofobia.

“The Boys” está sempre no seu melhor quando joga na área cinzenta da moralidade: testando nossa lealdade mostrando a humanidade dos personagens em uma cena equilibrada por pura maldade na próxima. Ackles interpreta isso perfeitamente – ele é um ótimo complemento para a série, se já houver essa quantidade de profundidade em seu personagem, mal posso esperar para ver mais dele.

E parece que vamos, pois Billy Butcher planeja uma “equipe” com o super para derrubar o Capitão Pátria. Isso provavelmente significa que podemos esperar mais sequências de V-24 correndo pelas veias de Butcher e Hughie, cujas habilidades aprimoradas vêm com o bônus hilário de um teletransporte... nu. Mas há um grande problema: a equipe de Butcher está desmoronando.

M. M. enfrenta um dilema sobre seus limites morais e quantos deles ele está disposto a cruzar, e dada a traição de Butcher e Hughie no final do episódio, é improvável que ele volte tão cedo. No lado super, o envolvimento e ajuda de Starlight estão por um fio pois ao mesmo tempo em que discorda de uma aliança com Soldier Boy, deseja manter seu namorado seguro depois do que aconteceu com Supersonic. Há ainda Frenchie e Kimiko, cuja vida inicialmente estava em risco, mas que sobrevive – porém sem seus poderes que parecem ter sido suprimidos pelo ataque de Soldier Boy.

Apesar de todos os enormes problemas, Kimiko e Frenchie também trazem alguma leveza ao episódio ao encenarem um número musical que consegue arrancar risadas pela estranheza e fofura do casal. É estranho e realmente não acrescenta muito à história, mas é adorável. A química natural de Karen Fukuhara e Tomer Capone mantém a dinâmica entre o par evidente em tela, por isso é fácil embarcar em qualquer coisa que eles façam.

O novo episódio de The Boys também apresenta dilemas sobre os personagens principais e secundários. Foto: Reprodução/YouTube
O novo episódio de The Boys também apresenta dilemas sobre os personagens principais e secundários. Foto: Reprodução/YouTube
O novo episódio de The Boys também apresenta dilemas sobre os personagens principais e secundários. Foto: Reprodução/YouTube

O caso em questão é o problema de Frenchie com Little Nina. Supostamente deveríamos ter muito medo da chefona da máfia que volta cobrando uma dívida de Butcher designando Frenchie para um trabalho, mas com pouco tempo para explorar do que ela é capaz, é difícil acreditar. Em um mundo cheio de supers homicidas, parece que precisamos de um pouco mais de contexto para ver alguém como uma ameaça.

Em geral, “The Boys” parece ainda estar lutando para manter o ritmo das tramas menos centrais. Qualquer coisa paralela à trama principal tende a parecer truncada e lenta, prometendo interações futuras, mas com trazendo pouco retorno no momento. A luta contínua de A-Train contra o racismo sistêmico na Vought e na comunidade dos super é realmente interessante, principalmente agora que vemos que aparentemente, ele realmente deve agir por entender o problema, e não somente para estar nos holofotes, mas com apenas poucas cenas em cada episódio, é difícil manter o ritmo.

Da mesma forma, com uma hora de duração neste episódio, eu esperava mais do Capitão Pátria assumindo seu posto como chefe da Vought. Há tanta promessa na ideia, mas tudo o que tivemos até agora foram algumas reuniões chatas do conselho e a certeza de que Stan Edgar estava correto sobre seu despreparo. A terceira temporada vem recauchutando muito terreno antigo até agora com a ameaça persistente do Capitão Pátria. A ausência de um novo vilão para ameaça-lo, como tivemos com Stormfront na segunda temporada, deixa o foco um pouco turvo. Espero que o radioativo Soldier Boy de Ackles mude isso e traga um inimigo adequado para o líder dos Sete.

Os momentos finais são alguns dos mais sombrios da temporada até agora. Starlight implora a Hughie que reconsidere a parceria que está fazendo com Butcher e Soldier Boy, pedindo-lhe para não seguí-los. Ele não escuta, seguindo Butcher enquanto ela parece perdida, imaginando o que esse sacrifício vai custar a ele.

É um final bastante diferente do que estamos acostumados ver em “The Boys”, mas é poderoso da mesma forma. Provando não ser dependente das explosões e tiros, a série traz à tona neste quinto episódio nossa apreensão pelo futuro desses personagens, desde o ataque e desaparecimento de Maeve – que de forma improvável agora se envolve com Butcher - à segurança de Hugie, e assim como Starlight, é difícil pensar no que pode acontecer com eles a seguir.

Sobre o autor

Carol Souza
Carol SouzaAmante do cinema, dos livros e apaixonadíssima pelo bom e velho rock n'roll. Amo escrever e escrevo sobre o que amo. Ativista da causa feminista e bebedora de café profissional. Instagram: @barbooosa.carol
Fale com o autor: [email protected]
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